Qualidade na educação

É difícil definir qualidade na educação. Há muitas variações em relação aos parâmetros de referência para aferição. Penso qualidade na perspectiva do impacto social e não somente em êxitos individuais estampados em painéis de propagandas. Refletir sobre como a vida na comunidade tem melhorado a partir da contribuição das instituições escolares pode ser um bom começo. A inclusão irrestrita das pessoas no processo educacional, combinada com o desenvolvimento da cooperação, da solidariedade e garantia do aprendizado satisfatório e potente, formam a base do que considero qualidade.

Aprendizagem e desenvolvimento

Todo processo de aprendizagem e desenvolvimento é precedido por entusiasmo e engajamento. Não há aprendizado "naturalmente" construído. Aprendizagem é resultado de um processo que ocorre quando quem se dispõe a aprender está disposto a se concentrar para ouvir, falar, ler, escrever e experienciar sobre os saberes e competências que lhe interessam. Compete à escola, nesses termos, criar as condições pedagógicas para a articulação intencional desse processo, organizando espaços, didáticas, materiais e vivências que estimulem e reforcem os interesses dos estudantes.

Pensar o ensino médio como etapa de conclusão da educação básica

O ensino médio é a etapa que finaliza o que se denomina educação básica. Isso quer dizer que deve ser pensado na perspectiva de conclusão, onde muitas competências necessárias para a vida adulta já devem ter sido desenvolvidas, entre elas a capacidade de escolha de caminhos possíveis para realização pessoal e profissional. O ensino superior é uma das possibilidades, claro, e deve ser abundantemente incentivado. O que não quer dizer que o ensino médio seja apenas um preparatório para os exames que dão acesso à faculdade. Nessa concepção, o currículo deve contemplar vivências de aprofundamento do conhecimento para que o aluno seja apoiado a tomar decisões que impactarão suas capacidades de realização.

Relação entre as Secretarias de Educação e as escolas

A relação entre as Secretarias de Educação e as escolas deve ser essencialmente dialógica. Considerando que é na escola que o principal processo educativo acontece — a aprendizagem —, toda a estrutura administrativa deve se colocar a serviço do processo pedagógico desenvolvido na sala de aula. O estudante é o centro dos esforços. Nessa perspectiva, não deve haver subserviência de uma instância em relação à outra, mas sim respeito aos propósitos comuns, visando promover a melhor educação que as pessoas merecem.