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segunda-feira, 25 de julho de 2016

Professor não é repassador de conteúdos

Não há imparcialidade ou neutralidade plena em nenhuma situação relacionada ao processo de ensino. A história de vida de cada professor se manifesta involuntariamente em qualquer expressão dos conteúdos programados. E ainda bem que é assim. O contrário seria memorização do que se lê e escuta para passar nas provas.

Não é sensato restringir o ato de educar a um mero formalismo de apropriação de conteúdos historicamente construídos e que, justamente pelas inúmeras interpretações manifestas nos diferentes livros didáticos, precisam passar por um amplo processo de reflexão. E a experiência do professor é indispensável nesse momento. Sem ela, o risco de se distorcer muitas informações é extremamente elevado.

Não dá para coibir o pensamento crítico do professor sem prejudicar àquilo que verdadeiramente caracteriza a boa aula: as relações de confiança e afetividade que se estabelece entre o docente e seus alunos.

Muito tem me incomodado nas discussões recentes sobre qualidade educacional, no contexto dos princípios da escola sem partido, a estreiteza do pensamento de que apenas a definição dos conteúdos e dos métodos de ensino são suficientes para se ter a aula adequada, efetiva. De preferência, sem questionar muito o autor dos livros didáticos ou apostilas dos sistemas de ensino. O que a elite quer dizer nesses instrumentos deve ser a única verdade.

Sim. Todos sabemos que as obras didáticas vez ou outra trazem informações esquisitas com a finalidade de criar um clima de confirmação do status quo e manutenção da conformação diante das condições postas em nosso país. Isso sim, é doutrinação. Essa novela é um remake do período nebuloso de nossa história que se quer superar.

Se reivindica um professor neutro, que não se envolva emocionalmente com aquilo que ele estudou e estuda. Exige-se, apenas, o repasse dos conteúdos, de forma fria e sem nenhum tipo de manifestação outra que não seja a do texto do livro didático.

Alguém percebe que o que se quer, a todo custo, é a oficialização da educação bancária, tão denunciada por Paulo Freire?  Uma educação alienadora, em que deve se acreditar sem refletir no que é trabalhado em sala de aula?

Ao professor, basta dar aula, garantir que o aluno aprenda o conteúdo, sem discussão, no clima: "aceite que doe menos".

Educar não é produzir um produto inanimado, como uma peça de geladeira. Envolve sentimentos, histórias de vida, o olhar sincero, confiança no potencial do professor e de seus alunos. É, acima de qualquer outra coisa, um ato emancipador.

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