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quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Lições da sala de aula: a afetividade entre professor e alunos cria clima favorável à aprendizagem

Há muito se discute o conceito de profissionalização docente numa perspectiva de afastar a imagem do tio e da tia da sala de aula. Esse truque para tranquilizar crianças a irem assiduamente para a escola precisa ser superado, mas não pode restringir a ação docente a "dar o conteúdo" imparcialmente, sem envolvimento emocional com os estudantes.

A relação em sala de aula dos seus sujeitos não pode ser fria, baseada apenas na técnica didática. A sala de aula cria inevitavelmente vínculos sociais que marcam nossas principais lembranças da infância e juventude. Lembramos sempre dos professores que foram capazes de nos olhar nos olhos e transmitir sinceridade e preocupação com o rumo que estávamos tomando com nossas escolhas.

Não é banal ou perca de tempo abrir espaço na aula para conversar sobre futuro, novas perspectivas. Não me refiro a ministrar conselhos, não é disso que estou falando e não a recomendo, mas estimular os sonhos que energizam os projetos de vida.

Para uma educação plena, integral, é preciso desenvolver a aprendizagem acadêmica e as competências socioemocionais. Desassociar estas duas dimensões fragiliza a proposta pedagógica da escola pública.

Em sala de aula, sempre busquei me mostrar aberto para escutar as angústias, anseios e, principalmente, as esperanças dos jovens, suas visões de futuro. Mais que uma ação de apoio a eles, era para mim uma forma de identificar o que de fato era importante para se trabalhar nas aulas, permitindo a contextualização dos conteúdos ao imaginário, ao por vir. Entendia que a cada aula, mais do que uma aprendizagem nova, devia ser fortalecido a esperança de uma vida melhor. Tratar os conteúdos sem essa conexão, amplia as chances de uma aula sem envolvimento dos estudantes.

Mais recentemente, algumas iniciativas estão sendo induzidas nas escolas estaduais do Ceará, como o projeto Professor Diretor de Turma; o Núcleo Trabalho, Pesquisa e demais Práticas Sociais; e Aprendizagem Cooperativa. Todas elas tem algo em comum: buscam fortalecer entre professores-alunos, alunos-alunos, os vínculos emocionais a partir da socialização das histórias de vida, do fortalecimento das relações solidárias e do desenvolvimento das competências socioemocionais.

Longe de querer substituir a agenda escolar, dando mais ênfase a dimensão emocional, quero apenas destacar que sem um clima escolar acolhedor, capaz de dar esperança aos jovens de encontrarem pela escola sentido para suas vidas, o sucesso acadêmico pode não ocorrer para uma parte significativa dos estudantes.

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