quarta-feira, 19 de abril de 2017

O protagonismo docente e a escrita de artigos e livros

Os poetas populares sempre dizem, quando estão diante de uma situação que inspira seus versos: "vou aproveitar o mote".  E começam a declamar. Não sou poeta, mas ontem, 18, ao vivenciar o lançando da Revista DoCEntes, da Secretaria da Educação do Ceará, e de 5 obras escritas por professores desta rede, fiquei com a necessidade de escrever sobre o que esta ação tem a ver com o processo de fortalecimento das práticas docentes.

De imediato, relaciono três consequências deste tipo de política para os professores:

1) É uma forma de reconhecimento e valorização. Demonstramos que alguém tem valor inestimável para nós quando o ouvimos atentamente, olhamos no olho. Ao publicar artigos na revista e apoiar a escrita de livros, a mensagem é a de que o que os professores têm a dizer é muito importante e é preciso fazer chegar aos seus pares e a sociedade;

2) Os professores que se desafiam a sistematizar suas reflexões, sua arte literária, desenvolvem uma aprendizagem profissional que reflete em maior confiança para o desenvolvimento da atividade docente. Ensinar baseado no que se escreve é uma condição a ser buscada por todos os educadores. Afinal de contas, professor é sujeito de seu tempo e precisa dar sua versão a respeito do que se propõe a ensinar;

3) Professores autores tendem a consolidar a prática pedagógica que educa os jovens para a autonomia intelectual. A educação pelo exemplo é a mais consistente pedagogia já desenvolvida em todos os tempos. Alunos orgulhosos de seus mestres é uma motivação ímpar para continuar estudando com seriedade, pois o que se faz com o estudo está materializado nas obras de seus professores.

A autoria e o trabalho docente são intrínsecos. Paulo Freire, em seu livro Pedagogia da Autonomia, traz insistentemente a ideia de que "Ensinar exige pesquisa". Traduzo esta indicação do grande Freire relacionando-a ao exercício reflexivo que dá origem a artigos científicos, a obras literárias. 

Professores que se imbrincam com seu objeto de pesquisa, para além da necessidade de concluir etapas acadêmicas, constroem uma rotina de autoformação que muito contribuirá com a sua ação docente na educação básica.

Nesta perspectiva, todos os professores são convidados a sistematizar suas reflexões, suas experiências, suas ideias para contos, poemas, romances e etc. 

É cada vez mais evidente que o esforço em melhorar as condições de ensino passa pelo estímulo do protagonismo docente.