A educação fundada simplesmente na transmissão de conhecimento é a maior ruptura que precisamos promover no Brasil. Essa ruptura não é apenas um modismo pedagógico. Ela é necessária para se construir uma agenda escolar mais significativa para os estudantes, principalmente no ensino médio.
Antes de prosseguir com essa reflexão, quero deixar claro que não se trata da eliminação da aula expositiva. Ela continua tendo importância como estratégia didática. A exposição de um conteúdo pelo professor permite ao aluno compreender como organizar o conhecimento científico no contexto de um discurso. E isso é um grande aprendizado. Faço essa ressalva pois muitos educadores tendem a radicalizar quando é abordado a necessidade de uma estrutura didática participativa, em que os estudantes são o centro do processo, como é o caso da pedagogia de projetos e da pesquisa.
Não é novidade para nenhum educador, e creio ser um consenso, que um estudante, ao se envolver numa pesquisa científica, aprende a aprender no decorrer do processo de investigação. E esse aprendizado não pode esperar a pós graduação para ser desenvolvido. Tem que ser estimulado na educação básica.
Não há contribuição mais impactante da escola na vida de um cidadão em formação cidadã do que a promoção da autonomia intelectual. E sobre isso não tenho dúvida: oportunizar aos estudantes o domínio do método científico e sua aplicação em pesquisas científicas é um pilar da educação escolar de nosso tempo.
É importante desmistificar a crença que a pesquisa científica é para poucos sob o pretexto de que que muitos alunos não tem a disciplina necessária para estabelecer o rigor que legitime os "achados" da pesquisa. Ora, é preciso superar o saber natural. Protagonismo estudantil e rigor científico se educa.
Portanto, todos os alunos podem aprender a desenvolver pesquisas na educação básica e extrair o que há de melhor no processo de aprendizagem escolar: a autoria.