A profissão de professor é uma das mais complexas. Todos concordamos. Mas temos dúvidas sobre a melhor forma de apoiar o trabalho docente de modo a fortalecer as práticas em sala de aula e a proporcionar a melhor estratégia de formação contínua, em serviço.
A formação inicial, a da universidade, é muito importante. Os conceitos basilares de cada componente curricular que devem ser ensinados aos alunos da educação básica são aprendidos na academia e servem de referência para o trabalho na escola.
Mas por melhor que tenha sido a formação acadêmica do professor, o contexto das constantes renovações tecnológicas, as mudanças nas expectativas dos jovens sobre a escola, exigem um constante repensar sobre os conteúdos do currículo e sobre as metodologias de ensino utilizadas.
A partir dessas reflexões iniciais, não tenho dúvida que para o fortalecimento do trabalho docente, três aspectos merecem destaque:
a) é preciso fortalecer o trabalho coletivo na escola. Muitos professores se sentem solitários nas definições do que e de como ensinar. Nessa dimensão, é importante proporcionar encontros semanais, pelo menos por área do conhecimento, onde os professores se reúnem para discutir sobre planos de ensino e para compartilhar experiências. Uma prática pouco comum no Brasil e que poderia ser muito útil para o fortalecimento da prática docente é o planejando cooperativo de algumas aulas pelos professores que lecionam a mesma disciplina. Essa prática permitiria que um professor desenvolvesse a aula e seus colegas pudessem assistir em sala com os alunos. Dessa experiência, seria possível uma discussão consistente sobre as estratégias pensadas coletivamente tendo como objetivo estabelecer o vínculo profissional entre os professores, a corresponsabilidade. Assim, o momento coletivo não ficaria apenas no planejamento, mas teria o contexto da prática para embasar os estudos e reflexões.
b) é importante que os professores consigam sistematizar algumas experiências desenvolvidas em sala de aula. Essa dimensão está relacionada a capacidade do professor de olhar para sua experiência e escrever sobre ela, de forma crítica, considerando acertos e limitações no desenvolvimento de alguns temas e métodos de ensino. Dessa experiência, os professores poderiam produzir artigos científicos. Esse trabalho criaria insumos para as conversas entre os pares além de se tornar uma fonte de estudo para os novos professores e, quem sabe, "material didático" para os cursos de licenciatura nas universidades.
c) formação contínua na própria escola. Não há um locus mais adequado para a formação contínua de professores que a própria escola. É neste espaço em que as aulas acontecem, e nele também devem ocorrer os encontros formativos dos docentes. Instituir a cultura da formação entre pares é o ápice do protagonismo docente, baseado na alternância de responsabilidades dos professores nos momentos de estudo. É, sem dúvida, a estratégia mais consistente de formação em serviço e teria como pano fundo o planejamento cooperativo de aulas e o estudo dos artigos produzidos pelos professores.
As Instituições de Ensino Superior têm uma função preponderante na formação dos professores, tanto nas graduações como nas pós-graduações. Mas o que quero enfatizar é o potencial que há na escola quando esta instituição se vê como impulsionadora do aperfeiçoamento do trabalho dos professores.
O que está em pauta nesse artigo é o protagonismo docente. O bom ensino requer dos professores o envolvimento com a pesquisa, com a produção intelectual. A escola precisa se transformar numa teia de aprendizagem, em que alunos e professores estejam mergulhados no universo das descobertas e produções de conhecimento.
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