É tentador usar o processo de avaliação da aprendizagem como instrumento de manutenção da ordem e progresso em sala de aula. Não resisti a provocação!
Para muitos professores é inadmissível a inexistência de um processo de avaliação da aprendizagem rigoroso, com provas e aplicação de outros instrumentos de aferição do domínio do conteúdo estudado pelos alunos. Sem o mesmo, nessa tese, os alunos não dão a atenção devida às aulas, principalmente expositivas.
Quem nunca ouviu: preste atenção que isso pode cair na prova. Ou, depois que se darem mal na prova, não digam que não avisei. São frases geralmente utilizadas em momentos de indisciplina ou de dispersão da atenção.
A questão é que afirmativas como essas distorcem o objetivo da escola. O estudante não deve se esforçar apenas para se sair bem nas provas, isso limita as intenções educativas, tornando-a sacal e desconectada do seu propósito mais nobre: o de promover a emancipação intelectual.
Nesse contexto, avaliar não deve ser fim em si mesma, mas um meio para melhorar o processo de ensino e aprendizagem. Percebi nas primeiras aulas que ministrei que avaliar não pode ser sinônimo de punir. Não tenho nada contra a aplicar instrumentos avaliativos como testes. Pelo contrário, acho necessário. Sou contra a não dar a devida atenção a elaboração dos instrumentos aplicados e a utilizá-los sem o propósito de diagnosticar o processo de aprendizagem.
Um instrumento ruim gera informações igualmente ruins. Um teste, por exemplo, não pode ser apenas uma compilação de questões sobre os assuntos estudados e o resultado não deve ser apenas uma nota de 0 a 10. Cada questão apresentada deve ter uma análise independente, até para identificar o quanto do desempenho acadêmico se deve a forma como a pergunta avaliativa foi elaborada. É um grande equívoco considerar qualquer instrumento absoluto. Podem ser falhos e precisam ser questionados sempre pelo professor e pelos estudantes.
Esses instrumentos, em última análise, precisam gerar informações sobre as dificuldades dos estudantes com a perspectiva de se propor intervenções pedagógicas que consigam dialogar com a situação diagnosticada. A ausência dessa percepção faz com que o ato de avaliar fique sem sentido.
Mas além dessa visão, a didática adotada para conduzir ao conhecimento de um tema estudado precisa passar também pelo crivo crítico. A avaliação em sala de aula também deve servir para compreensão da eficácia da didática utilizada, sempre na perspectiva de aperfeiçoar a prática docente.
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