As salas de aula são constituídas de alunos com características muito diferentes, ritmos de aprendizagem distintos, com desenvolvimento cognitivo específico, e o mais importante: com expectativas bem peculiares sobre a escola.
Diante dos múltiplos interesses, como estruturar o projeto pedagógico da escola e as aulas de modo que todos sejam envolvidos no processo de aprendizagem?
Esse desafio, a meu ver, tem duas dimensões: a) redimensionamento da proposta pedagógica da escola com a inclusão de tempos eletivos, que permitam itinerários formativos diversos; e b) aulas planejadas com vistas a garantir a participação de todos.
Na primeira dimensão, sobre o redimensionando do projeto pedagógico, creio que a escola não pode ser hierárquica e autoritária na definição de um único itinerário formativo, com tempos rígidos para cada componente curricular. Desse jeito, a mensagem subliminar que se passa é a seguinte: se quiser estudar e conseguir êxito nos estudos, a "única" opção é passar por essa trilha. Existe uma outra opção, claro, abandonar a escola.
Por que é tão difícil criar um movimento de pensar a escola para se respeitar os projetos de vida de cada sujeito? Talvez porque a lei do menor esforço prevaleça e se dê preferência para o que já é praticado desde as primeiras escolas. Enfim, é preciso discutir com seriedade essa questão chave para a reestruturação do ensino médio.
A segunda dimensão, relacionada a questão das estratégias didáticas nas aulas, é um processo que deve ser melhor estruturado. Diante da variação de interesses e ritmos de aprendizagem, é importante que cada um dos estudantes seja envolvido com a proposta da aula. Destaco duas estratégias: aprendizagem cooperativa e desenvolvimento de pesquisas científicas.
A aprendizagem cooperativa é, mais do que qualquer definição pedagógica, uma crença que a cooperação é mais importante num processo educativo que se quer equânime que o estímulo a competição. Assim, educar as crianças e jovens a estudar com seus colegas, desenvolvendo a dimensão protagônica e proativa dos alunos em sala de aula, é uma escolha associada ao desafio de não deixar ninguém para trás.
O estímulo à pesquisa científica, por sua vez, é a forma de desafiar cada estudante a elaborar suas próprias perguntas sobre um tema de estudo e desenvolver, a partir do método científico, uma trilha de descoberta de novos conhecimentos. Sim, acredito que a pesquisa científica pode ser instrumento de aprendizagem na educação básica, com total possibilidade de consolidar-se como princípio pedagógico.
Todas essas dimensões não se tornam realidade de repente. É necessário discussões e planejamentos consistentes para que tenhamos uma escola mais inclusiva.
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