A escola que apresenta aos jovens que cursam o ensino médio apenas um itinerário formativo, com os tempos de cada componente curricular pré definido, dificilmente conseguirá dialogar com os seus anseios e diferentes projetos de vida.
Paira na cultura educacional brasileira que a organização curricular presente em quase a totalidade das escolas, públicas e privadas, os tempos e as disciplinas, é uma definição ad infinitum pois se acredita ser a única possível.
A LDB já aponta outros caminhos, como vemos no Art. 23: "A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar."
Mesmo com esse indicativo legal, percebe-se um grande receio em buscar alternativas no sentido de diversificar a forma de oferta do ensino médio. Adota-se o modelo unitário, seriado e hierárquico. A escola define autocraticamente os tempos de cada disciplina, dando mais aula sobre os temas tidos como mais importantes e o interesse dos alunos não é, infelizmente, considerado.
Defendo, portanto, uma organização escolar baseada num projeto pedagógico de itinerários formativos múltiplos, onde boa parte do tempo dos estudantes é de cunho eletivo e que a escola consiga ajudá-los a trilharem uma formação alinhada com seus projetos de vida, com suas expectativas de desenvolvimento profissional e práticas de cidadania.
É claro que isso exige a consolidação de novos paradigmas pedagógicos: a aula não pode ser pensada desconexa do projeto pedagógico da escola; exige maior capacidade da gestão pedagógica em articular e integrar o currículo.
Enfim, é preciso pensar fora dos dogmas predominantes na educação brasileira atualmente.
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